Polyanna Ferreira Santos[1]
O código de Manu (600 – 250 a.C.) é um dos mais importantes e sagrados livros da Índia. Os adeptos do hinduísmo, a principal religião desse país, seguem as normas sobre religião, moral e aspectos civis conforme regidos por esse conjunto de regras. A sociedade hindu é dividida pelo sistema de castas e tem como principal característica a segregação social.
Segundo a mitologia hindu, o deus Brahma resolveu criar os humanos segundo as partes diretas de seu próprio corpo e assim surgiu de sua boca os Brâmanes – eles estavam no alto da pirâmide social, formados por sacerdotes, magos, religiosos e filósofos encarregadas de realizar os sacrifícios e rituais sagrados; dos seus braços saíram os Chátrias – os guerreiros; de suas coxas provieram os Vaixás – composto por camponeses, artesãos e por fim, de seus pés originaram-se os Sudras – que eram os servos , trabalhadores braçais e domésticos. Da poeira dos pés do deus Brahma surgiu os Párias (Dalit), considerados "intocáveis”, pois cumpriam tarefas que ninguém queria como limpar vasos, ser coveiro entre outros.
(deus Brahma e o surgimento das castas)
O sistema de castas pode ser definido como uma forma de hierarquia na sociedade indiana, decidindo quais funções determinado indivíduo irá realizar. Esse sistema favorece a desigualdade, no qual o rico permanece rico e o pobre permanece pobre, pois você não pode alterar seu status social na sociedade de castas.
Percebemos que a divisão da sociedade em castas é prejudicial pois agrava ainda mais os conflitos e a desigualdade na Índia. Os impactos disso aparecem no acesso a educação, pois segundo o jornal Folha de São Paulo, mesmo com a política de cotas nas universidades indianas girarem em torno de 22,5% para os membros de “castas inferiores”, ela se mostra ineficiente e não abarca uma grande parcela dos dalits (intocáveis) que vivem abaixo da linha da pobreza.
(A novela brasileira Caminho das Índias narra a paixão proibida entre dois jovens indianos de origens distintas: Maya Meetha (Juliana Paes), pertencente a uma tradicional família da casta dos comerciantes, e Bahuan (Márcio Garcia), um intocável – que, segundo os textos sagrados hindus, é oriundo da “poeira aos pés do deus Brahma”, considerado impuro.
Embora exista um conflito entre tradição e modernidade, é preciso superar esse sistema que agrava ainda mais as desigualdades na sociedade indiana. A adoção de políticas públicas que permitam a ascensão social, a união legal entre pessoas de castas distintas, e uma educação primária aos mais pobres e marginalizados se mostra como mecanismos que alinhados a outras medidas podem superar as desigualdades.
[1] Artigo solicitado para obtenção de aprendizado e nota no projeto transdisciplinar “Feira das Nações 2020: Pela Paz e Cooperação entre os Povos” da turma do primeiro ano do Ensino Médio do Colégio Evolução. Sob supervisão dos professores Nadja Santos (SOCIOLOGIA) e Giovane Ferreira (HISTÓRIA).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2409200603.htm. Acesso: 10 de junho de 2020.
OST, Sarita Cruz de Oliveira; FILIPPI, Eduardo Ernesto. O IMPACTO DO SISTEMA DE CASTAS NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL DA ÍNDIA CONTEMPORÂNEA. Relações Internacionais no Mundo. 2017, vol. 1 Edição 23, p1-20. 20p.